Brasileiro fatura alto em Miami com loja para cães "The Dog from Ipanema"
O carioca Jarbas Marcondes Godoy Júnior saiu da casa dos pais aos 16 anos e perambulou pelas ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo por um ano e meio até chegar em Arembepe, uma aldeia de pescadores na Bahia. Na época, no fim dos anos 60, o local se tornou a primeira comunidade de jovens alternativos, com visitas frequentes de artistas brasileiros e internacionais, como Janis Joplin e Mick Jagger. Foi lá que ele conheceu o grande amor de sua vida, uma mulher, a socialite Jerusa Carvalho, que foi a inspiração para a personagem de mesmo nome de Gabriela, Cravo e Canela, obra de Jorge Amado.
Já no fim dos anos 70, Jerusa, 23 anos mais velha que Jarbas, tinha recurso financeiro suficiente para mantê-los. Sempre apaixonado pelos cães, Jarbas criava Poodles e abriu uma butique de cachorros na Bahia, em 1976. Mas durou apenas três anos. “Eu tinha 25 anos e minha esposa ajudava com as finanças. Então, se eu ia à loja e não tinha clientes, eu ia para a praia”, lembra. “Hoje, acho que mandaria todos os empregados para casa e ficaria na loja tentando ganhar dinheiro para pagar o aluguel.”
Em 79, quando fechou a loja, pensou que jamais entraria em um novo negócio que envolvesse animais, e o casal saiu em viagem pela América Latina. Oito meses depois, prestes a voltar para o Brasil, já sem dinheiro, eles resolveram fazer uma parada em Miami, onde morava um tio de Jarbas. Num passeio, em Coconut Grove, viram uma placa numa pequena lojinha de cachorro, contratando “cabeleireiro”. Ele fez um teste em um Poodle grande, passou e começou a trabalhar lá. Ficou uns meses e acabou retornando para o Brasil.
Mas a readaptação não foi das melhores e a dona do salão em Miami também sentia falta do novo funcionário e pediu que voltasse. Aceitou e trabalhou lá até 1986, quando o salão fechou e ele abriu seu próprio, The Dog from Ipanema. Hoje, a loja tem 14 funcionários, atende cerca de 40 animais por dia e tem um faturamento de US$ 1,2 milhão ao ano, que vem crescendo gradualmente desde a inauguração - seguindo a tendência do mercado americano de produtos para animais de estimação.
A previsão do “American Pet Products Association” - uma organização que coleta dados sobre este setor desde 1996, quando os gastos eram US$ 21 bilhões - é que o consumo com animais domésticos nos Estados Unidos aumente de US$ 55,7 bilhões, no ano passado, para quase US$ 60 bilhões este ano. No Dog from Ipanema, cada tosa varia de US$ 80 a US$ 300 e seus produtos são de primeira linha. Tem uma caminha de cachorro que custa US$ 1.100 e uma das bolsas favoritas dos clientes sai por US$ 507.
Jarbas diz que tem uma cliente que quase todo mês compra uma bolsa nova para carregar seu Chihuahua. Mas ele destaca que as maiores vendas ainda são para brasileiros. “Tem uma brasileira que sempre que está em Miami passa na loja. A cada visita, ela gasta mais de US$ 1 mil com brinquedinhos para sua cachorra Princesa”, diz Jarbas, que hoje, aos 62 anos, reconhece que sua maior e verdadeira riqueza é sua paz interior. Nas suas palestras nos Estados Unidos e no mundo, é, principalmente, a sua história que serve de inspiração para outros na mesma profissão.
“Eu passei a fazer a comparação de um cachorro tosado com uma criança sendo abusada. O cachorro não pode falar e a criança também não”, diz ele. “Eu acho que as coisas que me fizeram sofrer quando criança abriram uma parte de mim para os animais e eu sempre achei que devo a eles a minha felicidade, o fato de eu poder ser feliz”, diz. E é esta procura pelo bem-estar, compreensão com os animais e seres humanos que ele transmite ao mundo e sempre buscou ao seu redor, mesmo nos momentos mais difíceis de sua vida.
“Acho que nunca aceitei a infelicidade como uma coisa natural”, diz. “Sei que ela, às vezes, me cercava, mas sempre busquei ser feliz.”
Mais informações: http://www.thedogfromipanema.com/
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